I Seminário

Meru-Beca. Esta palavra de origem tupi, cuja primeira aparição se deu na fundação do povoado hoje chamado de Jaboatão dos Guararapes, inspira vários sentidos: pode significar carneiro pequeno, se referir a um mosquito insistente ou inoportuno ou, ainda, ser adotada como expressão que se refere a gente fina. É com as marcas deixadas por um tempo iniciado com o Brasil Colônia que chegamos a Miró da Muribeca.

Ao longo dos anos, ele construiu uma das obras poéticas mais singulares de Recife: pulsante, como é a vida, política e engajada, como exige a dura realidade desta cidade; e, sublime, assemelhada aos sentimentos que alimentam a alma. Essa poesia se confunde com sua forma de pensar e sentir a existência: coloquial, na medida em que surge direta e objetiva para o leitor; irônica e alegre, por refletir, de forma irreverente, mazelas sociais. E, principalmente, porque o seu registro poético é uma forte denúncia dos infortúnios que alcançam os fracos e os desvalidos.

Sempre e sempre, a mensagem contida em seus poemas ecoa o desamparo que atinge o homem, como se ele não pudesse fugir da dureza deste mundo. Porém, como o mosquito insistente e inoportuno que povoa a palavra Muribeca em suas origens, Miró faz de sua poesia um manifesto literário que ilumina a escuridão da vida, semeando um desejo de permanência e nos fazendo acreditar no futuro. Mais do que nunca, ela perpetua o eterno desejo de dias melhores, afinal, como dizia Walter Benjamin, a esperança não existe pelos afortunados e, sim, por causa dos desesperados.

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